Mal soube da intenção do Governo de congelar o aumento do salário mínimo acordado em concertação social, o PCP apresentou uma iniciativa legislativa para evitar esta decisão.
O projecto de resolução do PCP foi apresentado durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, onde o líder comunista, Jerónimo de Sousa, confrontou Sócrates com questões concretas sobre o congelamento de pensões e o abono de família e ficou sem resposta.
Sobre aquilo a que chamou de “roubo dos salários” na administração pública, Jerónimo garantiu que “cada trabalhador vai receber menos 70 por cento do subsídio de Natal, mas em 14 prestações suaves”. E perguntou: “Até quando?”
Na resposta, o primeiro-ministro confessou um “aperto no coração” ao tomar estas medidas, mas justificou-as com o interesse nacional e a inevitabilidade de as tomar, com toda a “coragem”.
“É coragem tomar medidas que penalizam em dez por cento o capital e 90 por cento as famílias?”, ripostou Jerónimo de Sousa, desvalorizando o aperto no coração do primeiro-ministro face ao “aperto ao pescoço que vão sentir as famílias e os trabalhadores”.
No debate seguinte com Heloísa Apolónia, d’Os Verdes, Sócrates insistiu no tom ao afirmar que “o problema das contas públicas é muito injusto, fomentado e criado por ausência de regulação dos mercados financeiros”, mas insistiu que não há alternativa. A líder parlamentar do PEV discordou, considerando que estas são as piores soluções, pois assim “o país não consegue criar riqueza, com o Governo a atacar a sustentabilidade económica”.